Devido a pandemia, a movimentação nos comércios de bairro aumentou significativamente, uma vez que as pessoas têm optado por incentivar os pequenos empresários, além de buscar por lugares mais intimistas e de atendimento rápido

Desde o final de 2019, o varejo tem vivenciado uma mudança de comportamento do consumidor, que tem optado por fazer compras nos mercados de bairro (ou mercados de vizinhança). Este é um hábito novo, que veio a se consolidar com a pandemia de Covid-19, uma vez que os brasileiros têm priorizado a localização e facilidade de chegar ao estabelecimento, compras por itens pontuais e agilidade.

Estima-se que o consumidor paga em média 3% a mais na compra, para ter um atendimento mais humanizado e intimista. “Diversos lugares recebem os clientes pelo próprio nome. O formato de comércio que tínhamos no século passado (a vendinha do Seu João) está retornando, no qual os proprietários e funcionários conhecem cada cliente, e a experiência de compra se torna agradável. Por meio do varejo de vizinhança, o mercado retorna à sua abordagem inicial”, analisou o presidente da ACE Diadema, José Roberto Malheiro.

Juntos pelo pequeno

Neste momento de crise, outro fator de destaque para a priorização do “mercado de vizinhança” é o pensamento de ajudar aos empreendedores menores e contribuir com o comércio local. “Iniciou-se uma campanha em ajudar os pequenos negócios, para que eles sobrevivam a este período de recessão (que não sabemos quando terá fim). A empatia das pessoas também está sendo e será fundamental para o comércio de bairro manter-se vivo. Na ACE Diadema, incentivamos muito essa iniciativa, inclusive foi o nosso tema na Campanha de Natal”, salientou Malheiro.

De acordo com o diretor e especialista em construção de marca no ponto de venda da Allis (empresa de Field Marketing), André Romero, notou-se um crescimento de cerca de 20% na busca por locais que ficam perto de casa, chamados de mercados de bairro. “O movimento tem sido impactado pela mudança no jeito de comprar, afinal, o consumidor procura mais agilidade e praticidade. E, claro, pela Covid-19, já que as pessoas optaram por lojas mais vazias para fazer suas compras e passaram a ficar mais tempo em casa, consumindo do comércio do próprio bairro”, apontou Romero.

 Tendência de crescimento

Uma pesquisa realizada no ano passado pela Nielsen Global Media mostra que 33,4% dos entrevistados reduzirão as visitas aos estabelecimentos comerciais, como supermercados. Um em cada quatro consumidor revela a intenção de seguir privilegiando as compras nas lojas perto de casa. Além disso, 16,9% afirmam que manterão a despensa abastecida.

Com um cenário ainda incerto quanto à retomada total das atividades nas cidades, atreladas às dúvidas e o processo da vacinação, muitos consumidores ainda serão cuidadosos sobre voltar a frequentar locais como bares e restaurantes (17,1% dizem que passarão a ir menos nesses ambientes), assim, a alternativa é abastecer a casa, pois pelo visto, o isolamento social ainda deve se prolongar por mais um tempo.

Oportunidade para os pequenos comércios

O fato é positivo para varejistas menores (as lojas e mercados de bairro), que não pertencem às grandes redes. Dados da GFK Brasil revelam que 37,9% dos donos de pequenos estabelecimentos disseram ter feito mudança no mix de produtos nas lojas em 2020. E 11,5% aumentaram a oferta de produtos ligados à pandemia.