Esse grau de obesidade é atingido quando o resultado do cálculo do IMC é maior ou igual a 40
A obesidade é um dos principais fatores de risco para a Covid-19. Trata-se de uma doença multifatorial e crônica, caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal (está facilmente associada com outras enfermidades, tais como hipertensão, diabetes, câncer etc.). Ela não está relacionada à falta de força de vontade, falha de caráter ou algo facilmente controlável.
De acordo com a nutróloga, Dra. Andrea Pereira, a obesidade tem várias causas, entre elas: genética, familiar, ambiental, viral, medicamentosa, inflamatória e sedentarismo. Ela não é causada por comer demais, uma vez que temos várias pessoas que comem muito e são magras. “É qualificada pelo acúmulo de gordura corporal e associação com comorbidades como, por exemplo, diabetes, hipertensão, câncer, problemas osteoarticulares, entre outros”, explicou Dra. Andrea, que também é coordenadora da ONG Obesidade Brasil – instituição fundada para gerar uma conscientização de que a obesidade é uma doença.
Estudos recentes mostram que os indivíduos com obesidade apresentam maior inflamação, volume pulmonar reduzido, apneia do sono, alterando a oxigenação enquanto dormem e maior risco de trombose.
Alto risco ao Covid-19
Todos esses fatores e a presença de comorbidades, como diabetes e hipertensão, favorecem um maior risco de complicações nos casos de Covid-19. “As comorbidades comuns do obeso, ocasionam uma maior probabilidade de complicações na Covid-19, com grandes chances de óbito e de problemas pulmonares, maior número de dias de internação e de intubação. Concluindo, a obesidade não favorece a infecção por Covid-19, mas aumenta a chance de complicações”, reitera a nutróloga.
Segundo o World Obesity Day, pessoas que vivem com obesidade têm duas vezes mais chances de serem hospitalizadas se o teste for positivo para o vírus. Diante dessas evidências, as pessoas com obesidade grau III (IMC maior ou igual a 40) estão no grupo de risco e entraram como prioridade na vacinação contra a Covid-19.
Segundo a OMS – Organização Mundial da Saúde –, cerca de 700 milhões de pessoas serão diagnosticadas com obesidade no mundo até 2025. Como forma de alertar a população para os riscos provocados pela condição, foi instituído em 2020, o Dia Mundial da Obesidade, em 4 de março (antes, a data oficial era 11 de outubro). Segundo os últimos dados do IBGE, no Brasil temos 41 milhões de pessoas com obesidade.
Tratamento e controle da obesidade
Dra. Andrea esclarece que o tratamento da obesidade é realizado de acordo com cada paciente, sempre englobando mudança de estilo de vida (que é uma reeducação alimentar e prática regular de atividade física). O uso de medicações também faz parte do tratamento da obesidade grau I e II. E, no caso dos pacientes com obesidade grau II com comorbidades e grau III sem comorbidades, a cirurgia bariátrica também faz parte desse tratamento.
O acompanhamento psicológico é fundamental no tratamento dessa doença crônica, que não tem cura, porém, existe o controle. “Portanto, a pessoa com obesidade deve fazer acompanhamento e tratamento regular e periódico. Um erro muito comum é pensar que quando a perda de peso é alcançada, a obesidade está curada, levando a suspensão do tratamento (e a pessoa volta a ganhar peso)”, alertou a nutróloga.
A taxa de sucesso do tratamento de obesidade é maior nas terapias combinadas, como uso de medicamentos, mudança de estilo de vida, cirurgia bariátrica e acompanhamento psicológico. A regularidade de acompanhamento também aumenta o sucesso, como ida ao profissional de saúde pelo menos uma vez por mês.
A falta de conhecimento de que obesidade é uma doença crônica por parte dos pacientes e dos próprios profissionais da saúde, levam a tratamentos pontuais, sem regularidade, esporádicos, prejudicando o sucesso do mesmo e levando ao efeito sanfona.
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