A comemoração do Dia Internacional da Mulher ainda serve como conscientização para evitar as desigualdades de gênero em todas as sociedades
O dia 8 de março foi oficializado em 1975 pela ONU – Organização das Nações Unidas – como o Dia Internacional da Mulher. No entanto, historicamente, a data resulta de dois fatores. O primeiro tem origem em 1908, quando 15 mil mulheres saíram pelas ruas de Nova York (EUA) exigindo redução da jornada de trabalho, melhores salários e direito ao voto.
O segundo fator foi em 1911, durante o 2º Congresso Internacional de Mulheres Socialistas. Nele, a socialista alemã Clara Zetkin reivindicou uma data que simbolizasse a luta pela igualdade das mulheres. Na época, as jornadas nas fábricas, feitas também por homens e crianças alcançavam 14 horas por dia, incluindo domingos. Diante desse cenário, manifestações ocorreram em diversas partes do mundo.
Mesmo com as divergências envolvendo a história da data, há em comum nessas narrativas, a importância de honrar as mulheres que lutaram pelos direitos que se têm hoje, e entender que eles ainda precisam ser conquistados para as gerações atuais e futuras.
Caminho tortuoso
Os avanços nas conquistas em todas as esferas da sociedade são enormes e exemplos para isso não faltam: Kamala Harris se tornou a primeira mulher, a primeira negra e a primeira asiática-americana vice-presidente dos EUA em 2021. No mesmo ano, a Tanzânia empossou a primeira presidente mulher, Samia Suluhu Hassan, enquanto Estônia, Suécia, Samoa e Tunísia tiveram primeiras-ministras mulheres pela primeira vez na história.
Entretanto, são inúmeras as pesquisas feitas em 2022 com dados que refletem a disparidade dos direitos. O Brasil sustenta a marca de 1 estupro a cada 10 minutos, e 1 feminicídio a cada 7 horas. Os números são do levantamento realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Pesquisa da Febraban – Federação Brasileira de Bancos – mostra que 8 em cada 10 entrevistadas se dizem insatisfeitas ou muito insatisfeitas com a forma como as mulheres são tratadas pela sociedade brasileira. A violência e o assédio, seguidos do feminicídio e da desigualdade de direitos e oportunidades entre homens e mulheres, são os principais pontos negativos.
Em relação ao ambiente de trabalho, expressivos 40% afirmam já terem sido vítimas ou conhecerem alguém que já sofreu algum tipo de assédio moral nesse espaço por ser mulher. Percentual semelhante também aponta assédio sexual. Em ambos os casos, apenas um terço das entrevistadas declara que houve denúncia formal à empresa.
Outro ponto abordado na pesquisa mostra que as mulheres vivenciam desigualdade de salários em relação aos seus pares do sexo masculino. Além disso, pontuam que estão travando uma batalha diária contra a discriminação e por seus direitos no trabalho, na família, na escola/universidade e nas suas relações sociais.3
Mais de 100 anos depois, a mobilização em torno do Dia Internacional das Mulheres continua cada vez mais necessária para acelerar a adoção de medidas, iniciativas e intervenções que possam reverter esses impactos para garantir os direitos civis, políticos e sociais das mulheres.
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