A depressão é um transtorno de humor considerado um sofrimento mental expressivo, complexo e originado pela interação de diversos fatores – biológicos, psicológicos, sociais e pessoais. E os jovens são cada vez mais afetados por essa doença.

 

Há muitos anos que a depressão deixou de ser um estado mental corriqueiro e passou a ser considerada o “mal do século”. De acordo com a OMS – Organização Mundial da Saúde, a depressão ocupa o primeiro lugar quando estimado o tempo vivido com incapacitação ao longo da vida, acometendo no Brasil em torno de 12 milhões de pessoas; e ainda, em torno de 35% da população mundial tem, terá ou já teve depressão. “É importante ressaltar que a depressão é muito mais do que sentir-se triste; a tristeza costuma passar após alguns dias, mas a depressão sem tratamento, pode durar meses, anos, uma vida, com severos agravos no âmbito geral – profissional, pessoal, familiar e social”, explicou a psicóloga, Andréa Leão.
Entretanto, o que tem se observado é o número cada vez maior de adolescentes em estado depressivo. Isso porque a adolescência é uma fase de vulnerabilidades psicossociais devido às mudanças (fisiológicas, físicas, psicológicas, mentais e sociais) que invadem a vida desses seres que não são mais crianças e, tampouco, adultos; ou seja, vivencia-se uma transição de fases. “Além disso, as pressões sociais que o adolescente sofre dos grupos, familiares e de si próprio pelos diversos assuntos que perpassam essa fase – escolha de uma carreira, iniciação sexual, visão e posicionamento político, identidade etc., agravam esse período natural do desenvolvimento humano”, destacou Andréa.
Somados a esses fatores, as famílias trabalham cada vez mais e têm menos tempo para conversar e ouvir (não meramente dar instruções) aos filhos que estão prestes a entrar na adolescência, o que dificulta obter informação sobre o estado mental deles.
Para o psicoterapeuta e orientador vocacional, Mauro Hollo, para identificar que um adolescente está entrando em estado depressivo e evitar o progresso desta doença, é preciso prestar atenção em mudanças de comportamentos, sendo alguns sintomas: sentir-se inútil, culpado e sem esperança, irritado e cansado o tempo inteiro e com dificuldades de concentração ou falha de memória, estar triste a maior parte do dia; perder ou ganhar peso; falta de interesse em atividades rotineiras, dormir demais ou de menos; ter pensamentos frequentes de doenças, morte e suicídio.
“Para ajudar os filhos, os pais devem conversar, dialogar e trazê-los para perto de si de forma amigável, mas sem perder a autoridade. Sabemos que quanto menos limites colocamos e menos responsabilidade atribuímos a eles, mais facilmente a depressão pode aparecer”, alertou Hollo. “Não existe curso para ser pais, e os filhos não vêm com manual de instruções, por isso, é fundamental conhecê-los muito bem e ficar atentos para aprender com eles, como educá-los”, completou.
Uma vez identificada a depressão é preciso perder a psicofobia – medo da doença psiquiatra ou doença psique – e procurar um profissional da saúde (psicólogos ou psiquiatras) para iniciar um tratamento.
Dentre os sintomas da depressão, incluem-se:

•Sensação de tristeza: a vida é vista/sentida sem propósito, sem cores e a pessoa acredita que perdeu, de forma irreversível, a capacidade de sentir prazer ou alegria;
•Autodesvalorização e sentimento de culpa: o sujeito faz autoavaliação negativa de si, se vê como um peso para a família, amigos e sociedade; não tem esperanças ou visão otimista em relação ao futuro;
•Prejuízo no autocuidado;
•Cansaço excessivo, fadiga, desânimo, lentificação do pensamento, falta de concentração, queixas de falha de memória e de falta de vontade e de iniciativa;
•Diminuição do apetite ou, em alguns casos seu aumento, com maior interesse por carboidratos e doces;
•Insônia ou sonolência;
•Redução do interesse sexual;
•Sintomas físicos: mal estar, dor no peito, taquicardia, sudorese, queixas digestivas.
O transtorno é resultante de uma combinação de diversos fatores (internos e externos), e não há uma causa específica. Dentre os fatores, incluem:
•Problemas familiares: violência doméstica, dificuldades financeiras, comunicação precária e ou agressiva etc.;
•Sofrer algum tipo de violência (física, psicológica, sexual);
•Prejuízo no vínculo afetivo familiar;
•Dependência de smartphone e redes sociais: o uso excessivo de smartphones e Internet provoca o isolamento do adolescente, diminui acentuadamente a prática de atividades que são fatores de proteção ao adoecimento mental (exercícios físicos, atividades culturais, de lazer etc.);
•Sofrer bullying na escola;
•Dificuldades acadêmicas;
•Uso e abuso de álcool e outras drogas;
•Dificuldades de relacionamento interpessoal;
•Não se sentir interessante e desejado; ter dificuldades para iniciar a vida sexual;
•Ter uma baixa autoestima e autoconceito (quem sou) distorcido.