Por Jones Araújo

Os avanços tecnológicos que revolucionam as formas de se conectar com o mundo, tem colaborado para a mudança dos hábitos das pessoas. Agora, quem possui um smartphone, tem o universo online na palma da mão e pode fazer parte de grandes comunidades por meio das redes sociais.

Para se ter uma ideia, segundo um estudo divulgado pela plataforma Cupom Válido, o Brasil é o terceiro país no mundo que mais usa as plataformas de conexão e, com isso, a cada momento os internautas levam mais um pedaço da vida offline para o mundo virtual, como por exemplo: os relacionamentos afetivos. Mas será que postar foto de casal é atestado de fidelidade e termômetro de amor?

“Eu não diria um termômetro de amor, mas dentro do que se tem construído em sociedade, as redes sociais formam um espaço de divulgação das demonstrações de afeto. Quando uma mulher vê as amigas com seus respectivos companheiros em situações de carinho e cumplicidade, e ela tendo um relacionamento com uma pessoa que não demonstra isso, é bastante complicado, e passa a ser sim um termômetro para medir o que um sente pelo outro”, afirma a mestre em família e coach de relacionamentos, Luka Veloso.

Para a psicóloga Rebeca Cardoso, o ato de publicar ou não fotos nas redes sociais não tem tanta representatividade sobre o relacionamento. Pode até passar alguns indícios, porém, é preciso prestar atenção aos sinais reais, sobre o que é verdadeiro no dia a dia do casal. “Uma foto não é tudo. Observe o relacionamento, junte as peças que você vai conseguir montar o quebra-cabeça. Postar foto ou não, colocar nome na bio ou não, isso será apenas uma peça das 60, 70 ou 90 mil que fazem parte deste relacionamento”, Rebeca.

 Fidelidade e privacidade

O Instagram, Facebook e demais outras plataformas, tornaram-se também meios de aprovação através dos likes, comentários e compartilhamentos. O que tem despertado ciúmes dentro das relações, surgimento de perfis fakes para investigar a pessoa amada e até mesmo, acesso ao celular alheio. Entretanto, Luka destaca que é preciso respeitar a individualidade de cada um.

“Hoje é muito complicado você querer controlar a quantidade de likes e comentários, porque se a pessoa tiver um Instagram aberto, qualquer pessoa pode manifestar engajamento. E não é correto, de forma alguma, controlar a vida do outro. É preciso respeitar o espaço de cada um. Essa invasão de privacidade não é correta dentro de um relacionamento saudável”.

Em caso de desconfiança de falta de fidelidade nas redes sociais, Luka informa que é necessário saber gerenciar o namoro ou casamento, com clareza e diálogo. “Antes de começar qualquer relação é preciso dizer o que gosta e o que não gosta. É preciso ser muito claro com quem você está e sobre o que quer. Abra o jogo desde o começo, de forma que o namoro não se constitua de decepções e mágoas”, pontua a coach.

Sem cobranças

Tanto Rebeca quanto Luka destacam que a cobrança na publicação de fotos de casal nas redes sociais não cai bem e pode ser desgastante para o namoro ou casamento. “Cobrar que alguém poste foto? Vale mais a surpresa da publicação. Eu não vejo que alguém que não publique uma foto, ame menos do que aquele que o faz. Aquele que coloca dez [fotos] pode estar traindo e de fato não amar. Logo não se pode basear a felicidade e a fidelidade de um relacionamento, apenas pelas fotos, stories e feed”, opina a psicóloga.

Luka chama atenção para a conduta da pessoa, que pode ser tímida e tenha uma postura de não expor a vida nas redes sociais. “É preciso respeitar a individualidade do outro. Tudo que está dentro da conjugalidade precisa ser dialogado, buscar o equilíbrio do que é o meu, seu e o nosso”.

 Gerenciar a emoção

Em um cenário em que o uso das redes está mais presente nos smartphones, Rebeca ressalta para que as pessoas respeitem a essência e a verdade nos relacionamentos. “É necessário ter essência e uma verdade ao redor daquilo e não somente uma foto. A pessoa pode postar uma foto sorrindo e estar arrasada por dentro. Eu o tipo de relacionamento que se tem, vale mais do que uma foto”, encerra.