Há séculos as mulheres têm lutado pelos seus direitos, e cada conquista entra para a história como um marco. Diversos são os motivos para comemorar, mas, de acordo com uma pesquisa do Fórum Econômico Mundial são necessários mais 59 anos para eliminar as desigualdades de gênero

 

O dia 26 de agosto tem uma representatividade importante para as mulheres, pois comemora-se o Dia Internacional da Igualdade da Mulher. A data é celebrada em diversas partes do mundo, pois é uma oportunidade de sensibilizar as sociedades quanto à extinção das diferenças ainda existentes entre homens e mulheres.

Criada nos EUA, a homenagem surgiu no dia em que as mulheres – em um ato de desobediência civil –, rebelaram-se para garantir o direito ao voto, em 1920. No Brasil, esse mesmo episódio ocorreu em 1932 e foi incorporado à Constituição em 1934; desde então, diversas foram as conquistas das mulheres pela igualdade, porém, ainda existe um longo caminho a ser percorrido, principalmente no que tange a violência contra mulher, o assédio, maior participação na política, direitos trabalhistas e salários iguais.

Não se trata de uma competição

O feminismo é encarado por muita gente como algo extremista, no qual busca-se a luta da superioridade da mulher sobre o homem. Mas está enganado quem pensa desta forma! Na verdade, trata-se de um movimento social e político pelos direitos de igualdade de gênero, e que promove os interesses das mulheres.

Para a empreendedora e fundadora do Projeto Conversa de Mulher, Carol Aguiar, a busca da mulher pelo seu lugar de direito já é por si só um ato revolucionário. “Atualmente, creio que a mulher tem amplitude de suas decisões e sabe exatamente o que quer e como quer. Ela se abastece de informações e torna-se mais atenta. Vejo isso de forma positiva, pois é possível ter domínio sobre sua carreira e vida pessoal, e determinar o que deseja para o futuro e, no geral, para a vida”, declarou Carol. As mulheres do século 21 são mais proativas e independentes.

Mas não foi sempre assim! Até 1934, as mulheres só poderiam trabalhar com a autorização dos maridos e, hoje, segundo uma pesquisa da Datafolha de 2019, somente 7% das mulheres entrevistadas declaravam-se donas de casa – algo que, há 26 anos, tinha outra realidade, com 19% da população feminina afirmando ser do lar. “Os tempos são outros, e agora, existe uma grande necessidade de as mulheres irem atrás do seu sustento, pois muitas vezes são chefes de família. É comum notar que, algumas, possuem mais de uma atividade, para complementar a renda da casa”, apontou Carol.

Um longo caminho pela frente

Tão embora as mulheres tenham conquistado muitos direitos, o relatório do Fórum Econômico Mundial sobre desigualdade de gênero lançado anualmente, mostra que o Brasil ocupa a 22ª posição, entre os países da América Latina e, o 92º lugar dentre 152 países. A pesquisa estabelece quatro critérios de avaliação: econômico, educacional, saúde e político. Ainda, de acordo com o Fórum, são necessários, ao menos, mais 59 anos para eliminar as desigualdades de gênero no Brasil (sem considerar possíveis retrocessos).

“Torço para que o amanhã seja um tempo melhor, com mais conquistas e oportunidades. Que a mulher busque sempre seus direitos e deveres como cidadã e ser humano. Que saibamos valorizar umas às outras, aplicando uma palavra atual e tão necessária: sororidade, que trata da união entre as mulheres. Que esta questão seja real e verdadeira, e não apenas mais uma palavra em nosso dia-a-dia”, destacou Carol.

Uma luta que corta os séculos

Você sabia que as mulheres só puderam frequentar a escola básica a partir de 1927? Nas universidades, isso aconteceu somente em 1979, ou seja, 50 anos depois.

No casamento, com a aprovação do Código Civil, o homem era o responsável pela família, e o casamento poderia ser anulado caso descobrisse que a esposa não era mais virgem, inclusive, a família da noiva poderia deserdá-la. E acredite, isso só foi mudado em 2002.

No trabalho, essa luta também é antiga. A Constituição previa a Licença Maternidade para um mês antes e um mês depois do nascimento do bebê. Em 1988, o período se estendeu para 120 dias.